domingo, 23 de agosto de 2009

Preconceito e agressão no Carrefour.


Muitas pessoas ainda insistem em dizer que o preconceito racial no Brasil é coisa do passado, mas os fatos demonstram que não é bem assim que a banda toca em nosso país.
Infelizmente, o negro ainda é o primeiro suspeito para polícia, o mais vigiado dentro das lojas, visto como incapaz de possuir uma boa condição financeira ou até mesmo uma conduta decente.

Prova disso é a recente agressão sofrida pelo segurança da USP e técnico em eletrônica, Januário Alves de Santana, dentro do hipermercado Carrefour de Osasco-SP, no dia sete deste mês.
Enquanto a mulher fazia compras, ele ficou no estacionamento porque a filha dormia no interior de seu carro, um Ford Ecosport.
Ao abrir a porta do veículo, o homem foi confundido com um assaltante pelos seguranças da loja, que o espancaram ao ponto danificar sua protése dentária e causar uma lesão no maxilar.

Januário também sofreu preconceito por parte dos policiais que atenderam a ocorrência. Além de não acreditarem que o Ford EcoSport era seu,, eles chegaram a dizer a seguinte frase: "Você tem cara que tem passagens negão, você, no mínimo, umas três passagenzinhas você tem, sua cara não nega!".
Confirmada a posse do veículo através de documentos, os Pm's deixaram o mercado sem ao menos prestarem socorro.

E como não associar o caso com racismo?

Quer dizer então que um negro não pode possuir um carro mais caro?
Está decretado o "Apartheid" brasileiro, e o Carrefour é um mercado exclusivamente reservado para clientes brancos ? Pense na frase do Pm: "...você no minímo umas três passagenzinhas voçê tem, sua cara não nega".
Foi uma forma do policial dizer: "sua cor não nega! ".

Januário vai processar o Estado e o Carrefour pelo preconceito enfrentado.
Mas nenhum valor,por mais alto que seja, será capaz de apagar toda humilhação e constrangimento de ter apanhado por um único e exclusivo motivo: (ser negro).
Sem sombra de dúvida, a luta dos afro-descendentes contra o racismo está muito longe de chegar ao fim, e essa barreira só será quebrada a base de muita luta e educação, somadaos à pesadas indenizações.
Somente assim o negro será respeitado, tanto no Brasil, como também no mundo.

2 comentários:

Sérgio de Moraes Paulo disse...

Wilian,

segundo Milton Santos, não é feio ser racista no Brasil, mas admitir que se é racista. O racismo dissimulado, sorrateiro mas não menos nefasto.

Grande abraço e obrigado pela visita lá no palpiteiro.

Sergio de Moraes Paulo

Christian disse...

Esse acontecimento, sem dúvidas, mexeu comigo e me comoveu profundamente. Às vezes nos sentimos como se tivessem nos acorrentado. Gostaríamos de ajudar, fazer algo, não deixar impune, e não sabemos como agir.
Espero, com minha carreira de professor, fazer o que estiver ao meu alcance para orientar e informar a respeito do preconceito e na luta que devemos travar contra o preconceito, seja qual for.