sábado, 20 de novembro de 2010

Resquícios da escravidão

Por Wilian César
Já se passaram 122 anos após a abolição da escravatura mas o Brasil ainda tem muito o que aprender em relação aos direitos dos negros.
Embora tenha ocorrido uma importante melhora na qualidade de vida dos afrodescendentes devido a diversas políticas de inclusão social,o país ainda possui enormes problemas oriundos do preconceito e da desigualdade racial.

Em comparação com os brancos,os negros possuem maiores índices de analfabetismo e desemprego,menores salários e uma grande diferença na questão do acesso às universidades. Uma matéria divulgada hoje no "O Dia Online"com base na pesquisa (Pnad2009) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) comprova essa situação.
No começo desse ano o governo de São Paulo lançou o "Salariômetro", site onde é possivel calcular a média salarial dos trabalhadores em várias regiões do país.Um dos cálculos mostrou que um cozinheiro branco de 50 anos recebe,em São Paulo,salário médio de R$ 783,enquanto um trabalhor negro,na mesma profissão,recebe em média R$ 656 .

Quando o assunto se refere à abordagens policiais,também é possível identificar uma diferença nos procedimentos adotados por parte da polícia. Brancos são tratados de uma forma,negros são tratados de outra. Não são raros os casos onde a polícia mata um pobre,preto,(inocente ) e registra o fato como "resistência seguida de morte".

Outro fator que chama atenção no país é a questão do preconceito velado,as pessoas são racistas mas tentam esconder esse defeito. Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo sobre preconceito em 2003 ,detectou que 87% dos entrevistados diziam que o Brasil é um país racista,mas apenas 4% admitiam,para sí próprios,qualquer tipo de preconceito.

As emissoras de televisão também tentam disfarçar o seu papel racista na sociedade,para isso estabelecem "cotas" para jornalistas ou atores negros no espaço da telinha. Na maior parte das vezes,principalmente em novelas,o que conseguem é fomentar ainda mais o racismo através de personagens malandros,escravos,alcoólatras ou condenados ao subemprego.

Nessa semana uma grave denúncia de preconceito contra uma estudante de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) tráz uma clara ideia de que muita coisa ainda precisa mudar para os negros nesse país.

"Jornalista de elite"

O jornalista Luis Carlos Prates,da RBS TV (afiliada da Rede Globo em Santa Catarina) é um típico apoiador do elitismo.Essa semana ele resolveu expressar toda sua indignação com o fato de pessoas mais pobres estarem adquirindo seu próprio automóvel.
Em um comentário extremamente tosco e desprovido de nexo,Prates resolveu atribuir a culpa dos acidentes de trânsito ao motorista de baixa renda e ao governo lula por ter popularizado o carro para quem,segundo ele,"nunca tinha lido um livro".

A revolta do jornalista se evidencia na seguinte colocação: "Hoje qualquer miserável tem um carro,o sujeito jamais leu um livro,mora apertado numa gaiola que hoje chamam de apartamento,não tem nenhuma qualidade de vida mas tem um carro na garagem".

Luis Carlos Prates é daqueles que não suportam a palavra ascensão social,que odeiam pobres e negros dentro das universidades,que não aumentam o salário da empregada só para que essa não tenha televisão,computador e nem ao menos geladeira em casa.(Isso são privilégios para quem leu livros).

Prates é como Sandra Annenberg,se irrita quando as ondas do mar devolvem para areia os objetos valiosos que os turistas um dia perderam nas águas.Esses objetos viram alvo de caça para os pobres que buscam um complemento para renda mensal,mas Sandra prefere "crer que o que está sendo devolvido seja devolvido também para os donos que perderam".
Prates tem o Pensamento de Boris Casoy,para ele pobre não tem direito nem de desejar um feliz ano novo.

Prates é daqueles que clamam pela prisão dos pobres,mas que silencia quando o playboy,parente bem proxímo do seu patrão,comete estupro contra uma garota de 13 anos.