quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bope mata inocente e culpa furadeira

Conhecer os principais tipos de arma do mundo é parte da função de um policial de elite, saber diferenciar arma de uma furadeira elétrica, é obrigação.
Na úlitma quarta-feira(19), o fiscal de supermercado Hélio Barreira Ribeiro, de 47 anos, foi covardemente assassinado por um policial do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PMERJ, durante uma incursão do grupo de elite no Morro do Andaraí. O erro de Hélio -se é que podemos assim dizer- foi estar no terraço de sua casa consertando um toldo de plástico com uma furadeira na mão.

Acreditando que a ferramenta elétrica usada pelo fiscal se tratava de uma submetralhadora, o cabo Leonardo Albarello, com 12 anos de polícia, efetuou contra ele um tiro certeiro de fuzil 7.62 .
O disparo ocorreu de aproximadamente 40m de distância e perfurou o pulmão da vítima. No dia seguinte a morte, o comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo Moraes tentou justificar o erro durante uma coletiva de imprensa, para isso comparou as semelhanças entre a ferramenta e arma através de imagens desses objetos. O comandante ainda classificou como "correto" o procedimento do atirador.
Ponto de vista:

Não dá para assistir esse caso e ficar calado, como é que pode um inocente pai de família ser morto dessa forma e o procedimento ainda ser classificado como correto pelo comandante da tropa?
O policial tem sim todo o direito de preservar sua vida quando atacado, mas não pode ser orientado a matar o primeiro suspeito que vê pela frente.
A política de segurança do Rio de Janeiro está invertendo a ordem natural das regras, criou-se o pensamento de que nas comunidades periféricas"todo mundo é bandido até que se prove o contrário" , estabeleceu-se como lei o "atire primeiro e pergunte depois".

Sem sombra de dúvida a história de Hélio se repete em grande parte das invasões,a diferença ,porém,é que muitas vezes os inocentes entram para lista dos" criminosos mortos em confrontos com a polícia".São raros os veículos de imprensa dispostos a subir o morro para levantar informações sobre a verdadeira identidade do suposto bandido, assim a polícia se sente a vontade para sair matando a torto e a direito.

Se o comando do BOPE tem a coragem de considerar o procedimento correto nesse caso vergonhoso para o país, já deu para entender que a ordem é mesmo "entrar pela favela e deixar corpo no chão". É inadimissível que o Estado seja conivente com essas execuções, as autoridades não podem criar um exército de assassinos oficializados com licença para matar.
Como que fica a família da vítima agora? Adianta alguma coisa pedir desculpas? Adianta indenizar? Quanta hipocrisia!!!!
Veja a arte feita pelo portal do Jornal "O DIA"   
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sábado, 15 de maio de 2010

Uma polícia assassina

Polícia espanca motoboy até a morte na frente da mãe.
Vídeo do portal R7 Rede Record

Criada para oferecer segurança a população,a instituição Polícia Militar muitas vezes se perde em seu papel de proteger,transformando-se,portanto,em ameaça à sociedade.
Em São Paulo, por exemplo,duas execuções promovidas por policiais militares em menos de um mês,despertaram a atenção para a conduta muitas vezes criminosa do orgão.

O primeiro caso aconteceu no dia 9 de abril, quando o motoboy Eduardo Luís Pinheiro e mais três suspeitos foram detidos em uma ocorrência sobre o furto de uma bicicleta na zona Norte.Ao invés de serem conduzidos para delegacia,todos foram encaminhados para o batalhão da PM. Eduardo então foi torturado por vários policiais que ao perceberem a gravidade dos ferimentos, montaram a cena de um novo crime,abandonando a vítima em uma rua da mesma região.

Coincidência ou não,o segundo caso de violência também envolve um motoboy.Alexandre Menezes dos Santos,25 anos, foi executado por Pm's na madrugada do último sábado(8),na Zona Sul de São Paulo.Alexandre havia deixado a Pizzaria onde trabalhava às 4h e saído ao encontro de um tio em um bar.No caminho ,viu uma ronda policial e tentou desviar,pois sua motocicleta, comprada no nome da namorada,estava sem as placas.O Rapaz conseguiu chegar com o veículo a até o portão de casa onde chamou pela mãe,mas foi torturado e morto na frente dela.
Durante as agressões a mãe da vítima também chegou a ser ameaçada de morte pelos policiais.O laudo do IML indicou como causas do falecimento "Asfixia e traumatismo craniano".

As duas histórias acima se somam a vários outros casos de violência policial que ocorrem em larga escala no país,histórias que muitas vezes são distorcidas,fazendo com inocentes sejam taxados como criminosos na tentativa de justificar os abusos de autoridade.Diante dessas circunstância fica difícil,ou,porque não dizer,impossível classificar a polícia como uma parceira da sociedade.

Um artigo escrito pelo Procurador de Justiça baiano Rômulo de Andrade Moreira,onde esse propõe a desmilitarização da polícia,aponta com bastante precisão a principal causa da truculência da instituição PM , mostrando porque o atual modelo do sistema policial acaba entrando em choque com a realidade da população.
Veja o que é dito por ele nestes fragmentos do texto:
"Sem querer esgotar o assunto, estamos com aqueles que entendem salutar a criação de uma única polícia no âmbito estadual, com um caráter eminentemente civil, principalmente porque as funções executadas pela polícia têm, primordialmente, caráter civil; caráter militar, por exemplo, tem o combate à guerra, ao terrorismo, à ação de grupos armados contra o Estado Democrático, etc., onde o policial deve fazer-se temido pelo inimigo, o que não deve ocorrer no trato com os civis.
Ademais, o regulamento militar, aprendido e obedecido pelo policial, termina sendo aplicado também na relação com os civis, na atividade de policiamento das ruas, acabando por considerar o civil um seu subordinado, quando a relação deve ser exatamente o oposto."

Como o texto deixa bem claro,é preciso uma polícia"eminentemente civil" ou seja:(no mais alto grau),situação bem diferente das policias civis que temos atualmente.
Precisamos de uma polícia que saiba muito bem o seu papel perante a população,que faça o seu trabalho sem abrir mão do respeito ao cidadão.Porque é inadimissível que o Estado continue apoiando as barbaridades cometidas por seus oficiais, fardados ou não.