terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Governo de Minas tentou encobrir dados sobre violência no Estado

O governo de Minas Gerais deu um péssimo exemplo de transparência ao tentar impedir que a imprensa e a população tomasse conhecimento das verdadeiras estatísticas sobre crimes violentos no Estado.

Desde de janeiro, as polícias civil e militar estavam impedidas de repassar aos jornalistas os dados sobre homicídio tentado e consumado, estupro, roubo e assalto a mão armada. Essas informações só poderiam ser obtidas com a Secretaria de Estado e Defesa Social (Seds), que somente divulga números estaduais e municipais, sem apresentar, por exemplo, a quantidade de crimes por bairro ou região da cidade.

O jornal "O Tempo", de Belo Horizonte, publicou em sua reportagem a cópia do memorando 5008.2/20012, enviada no dia 11 de janeiro aos comandantes de  todas as regiões da PM em Minas. O documento é assinado pelo então chefe de Estado-maior da PM, coronel Márcio Martins Sant' Ana, atual comandante geral da PM.  Leia o que diz a comunicação:

"Solicito que nenhuma Fração divulgue as estatísticas criminais referentes ao ano de 2011, devendo esclarecer aos órgãos de imprensa que as informações pertinentes a esse assunto serão fornecidas pela Secretaria de Estado de Defesa Social"

Um outro texto da rede interna de comunicação da PM também é enfático:
"as unidades, quando demandadas pelos órgãos de imprensa, poderão fornecer informações sobre as estatísticas afetas às demais modalidades criminosas, não classificadas como violentas, desde que os dados solicitados sejam previamente analisados pelos respectivos comandantes quanto à provável repercussão da divulgação e reflexo na sensação de segurança da população"

Percebe-se que, com essa medida, o governador Antonio Anastasia (PSDB) tentou aumentar a sensação de segurança no Estado para dar uma anestesiada na opinião pública. Esconder a verdadeira situação da segurança tornou-se mais conveniente do que adotar medidas eficazes contra a violência, principalmente em um ano eleitoral, onde o sangue derramado pode virar arma de campanha política.

Nos últimos anos, o jornal Tribuna de Minas publicou reportagens denunciando que crimes violentos estariam sendo registrados como ocorrências menos graves na cidade de Juiz de Fora.
Exemplos: homicídios aparecia no BO como encontro de cadáver; assalto à mão armada virava extorsão; e tentativa de homicídio se transformava em lesão corporal.
Outra prática bastante comum é não considerar como vítimas de homicídio os indivíduos que são socorridos mas vão a óbito posteriormente no hospital.

Depois que a tentativa de maquiação de informações vazou e repercutiu negativamente, Anastasia divulgou uma nota comunicando a revogação do memorando e dizendo que os dados sobre criminalidade violenta em Minas Gerais, referentes ao ano de 2011, serão divulgados no próximo dia 27 de fevereiro pela  Seds. O governo também informou que a partir de agora vai divulgar mensalmente as estatísticas de crimes dessa natureza.

Espera-se que o governador tenha a responsabilidade de apresentar informações verídicas, pois ele tem o dever de prestar contas ao povo. Além disso, é com base nesses dados que o governo federal repassa os recursos para a segurança, e não está certo que o Estado seja prejudicado por causa de caprichos políticos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os clientes e o lucro dos bancos

Nos últimos dias, os grandes bancos andaram divulgando o lucro líquido que obtiveram no país em 2011.  O Itaú Unibanco saiu na frente com os seus R$ 14,621 bilhões , o maior lucro já alcançado por um banco brasileiro. Em segundo lugar aparece o Banco do Brasil com  R$ 12,1 Bi, depois vem o Bradesco com R$ 11,028 Bi . Na quarta e quinta posição aparecem Santander e Caixa, respectivamente, com R$ 7,8 e R$ 5,2 bilhões. Ponto pra eles !

Como se pode observar nos índices acima, os banqueiros estão repletos de motivos para comemorar. Mas o que dizer de nós clientes? Bom, aí a coisa já muda de figura.
Que levante o dedo para o alto aquele que realmente se considera satisfeito com os serviços prestados por sua instituição bancária hoje.  É juros daqui, impostos dali, taxas de lá, tudo muito alto e abusivo, mas o atendimento continua a mesma porcaria de sempre .

Se você vai depositar: paga a taxa de depósito, se realiza um saque: outra taxa. se possui um cartão de crédito não escapa da maldição da anuidade, faz um empréstimo ou financiamento e acaba pagando o dobro ou triplo do valor inicial, é obrigado a arcar com a tarifa de manutenção da conta, e assim por diante.

Aí, quando precisamos realizar uma transação na "boca do caixa", o número de funcionários é insuficiente e a fila fica empacada, às vezes não tem nem cadeiras para aguardar sentado, não tem água para beber, não tem banheiro, e o atendente ainda acha que está nos fazendo um favor. 
Só para variar, todo ano tem paralisação e greve dos bancários, o que causa mais transtornos ainda.
E o tal do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) ?  Onde constantemente "no momento todos os  nossos atendentes se encontram ocupados" . Agora nem é "0800" mais, está muito na moda é o tal de "400x" para (capitais e regiões metropolitanas), o custo da ligação é inteiramente nosso.

Lembro que há alguns anos (2005), quando eu trabalhava de office-boy, fui pagar uma conta no Banco do Brasil e esperei por quatro horas e meia na fila. Cheguei às 14:30h e saí de lá às 19:00h .
Era final de mês, e mesmo com o banco lotado, quatro dos cinco caixas pararam de atender quando o relógio chegou no horário que finaliza o expediente bancário (16:00 h).

Depois que fui atendido procurei o gerente para fazer uma reclamação, então ele me perguntou se eu possuía conta naquela agência. Bom, eu não tinha, mas a empresa para qual eu trabalhava sim, aí ele me disse que "só clientes poderiam reclamar". Tive uma discussão com o cara, é claro. Defendi que qualquer pessoa que procura o serviço do banco é um cliente, independente se ela é ou não correntista e etc.

Todas as situações citadas até aqui mostram que os bancos só se importam é com lucros, prestação de serviço de qualidade que é bom, nada.  É nessas horas que dá vontade de fechar a conta e guardar a grana debaixo do colchão. Como forma de protesto, deixo aqui um poeminha onde resolvi deturpar os slogans de algumas das mais importantes instituições bancárias:

Publicidade às avessas

"A vida pede mais que um banco "
 Mas tá difícil encontrar um banco "feito para você"
Algum que tenha "presença" de verdade na sua vida
Que realmente esteja "junto" contigo quando você precisar
Afinal, são todos iguais !
O lucro é deles, mas o prejuízo : "todo seu".

Wilian César