Jornalismo investigativo do Sbt denuncia o racismo da sociedade brasileira.
Por ocasião do Dia Nacional da Consciência Negra, na última postagem escrevi sobre as consequências do preconceito racial no Brasil . Agora estou retomando o tema para comentar a excelente reportagem intitulada "No Rastro do Preconceito", de Roberto Cabrini e sua equipe, exibida no Conexão Repórter da semana passada, no SBT.
Para comprovar a existência de tratamento diferenciado com base na cor da pele, a produção do programa contratou um ator negro e outro branco, ambos foram submetidos a diversas situações semelhantes registradas por câmeras escondidas. Como era de se esperar, as imagens flagraram atitudes preconceituosas em todos os ambientes onde os testes foram realizados.
Ao sair para vender balas no sinal o ator branco foi bem recebido por vários motoristas, em dez minutos boa parte seus doces já tinham sido vendidos. O ator negro, por sua vez, além de se deparar com a ignorância e vidros fechados, não conseguiu vender nada no mesmo espaço de tempo.
Em outro teste, em momentos distintos, os mesmos atores ficaram parados durante muito tempo em frente ao portão de prédios de luxo.Apesar de estarem vestidos com roupas iguais, em todos os dois condomínios, só o negro foi abordado pela segurança dos locais.
Depois foi a hora testar o atendimento em duas lojas de luxuosos automóveis importados, novamente vestido do mesmo modo os dois atores simularam o interesse em um veículo. Na primeira loja o ator branco foi atendido logo que chegou e conseguiu até mesmo entrar no carro, já o negro, teve sua presença ignorada pelos vendedores e só ganhou "atenção" quando cansou de esperar e se dirigiu até um deles , ao pedir para entrar no automóvel a resposta recebida foi negativa.
Na segunda loja o vendedor deixou de atender o ator negro para ficar falando no telefone, quando a ligação terminou veio a pergunta: "Você tem o faz-me rir ?". Uma desconfiança de que o suposto comprador não teria dinheiro para fechar o negócio.
A reportagem também exibiu uma ligação onde uma cliente reclama pelo fato da empresa ter enviado dois técnicos negros para consertar o sistema de gás em sua casa. Inconformada, ela se revela extremamente preconceituosa e insulta os funcionários com a atendente.
Outro ponto interessante da reportagem "No Rastro do Preconceito" foi a denúncia de que a Justiça Brasileira ainda é muito complacente com o racismo, não existe registros de condenações severas para pessoas processadas nessa modalidade de crime no país.
A matéria mostra o caso da empregada doméstica Simone Diniz, que ao procurar emprego no jornal se deparou com o classificado em que uma família estabelecia a cor branca como qualificação para a vaga. Ao ligar para o número do anúncio ela foi indagada sobre sua cor, quando respondeu que era negra ouviu a seguinte frase: " A sua cor não preenche os nossos requsitos". Simone acabou perdendo a causa nos tribunais brasileiros, mas recorreu a Justiça norte-americana, ganhou a ação e hoje recebe uma indenização de RS 36 mil.
Na mesma semana em que o Conexão Repórter denunciou o preconceito, em Londres uma mulher foi presa depois de fazer comentários racistas e insultar minorias étnicas que vivem no Reino Unido. Tudo foi filmado e postado na internet por um passageiro do trem onde o fato acorreu.
"Onde é que esse país chegou?" "Estamos rodeados de negros e polacos. Nenhum de vocês é inglês.Voltem para o vosso país". São algumas das palavras utilizadas.
Veja o vídeo:
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