domingo, 30 de outubro de 2011

A ONU e a Líbia, democracia pós-Kadafi ?

Refinaria de petróleo na capital Líbia, Trípoli 
Engana-se quem pensa que a morte do ex-ditador da Líbia, Muamar Kadafi, na última quinta-feira (20), transformará aquele país em uma democracia. Antes de mais nada, é preciso lembrar que Conselho Nacional de Transição líbio(CNT) é formado em grande parte por ex-integrantes do governo deposto, até mesmo o presidente do órgão, Mustafa Abdul Jalil, já atuou no regime de Kadafi como ministro da Justiça. Só por aí percebe-se que não existe muita novidade, é a saída do 6 e a entrada da meia dúzia.

Depois devemos considerar o fato de que a derrubada de Muamar foi patrocinada pela ONU, que em 17 de março deste ano aprovou uma  resolução  permitindo a intervenção da OTAN nos conflitos libios, alegando proteção à população civil.
Acontece que a Líbia, assim como o Iraque, do também deposto e morto Saddam Hussein, é uma região muito rica em petróleo e gás, o que a torna um território economicamente interessante para os Estados Unidos e demais países envolvidos nas operações anti-Kadafi (Reino Unido e França), principalmente neste momento em que precisam sair de uma forte crise financeira.

Se a ONU realmente estivesse interessada em proteger a população líbia, já teria se encarregado de incentivar a democracia no país, indicando caminhos para que o povo pudesse escolher seu presidente de forma pacífica após um regime ditatorial de 42 anos. A instituição deveria ter começado desde cedo a cuidar para que o Conselho Nacional de Transição se portasse dentro dos preceitos dos Direitos Humanos, até mesmo com Muamar Kadafi. Da forma em que as coisas estão sendo  organizadas, tudo indica que os líbios saíram do espeto e caíram na brasa.

Mas a ONU pouco ou nada quer saber se o futuro da Líbia será ou não democrático, o que importa mesmo é que a OTAN tenha controle sobre as reservas de gás e petróleo do país, seja apoiando o atual governo (enquanto esse lhe for útil) ou intervindo novamente, quando uma possível nova revolta eclodir.

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