Presidente Fernando Lugo, deposto pelo Parlamento paraguaio. |
Diferente do que muitos acreditam e tentam fazer acreditar, ao
condenar o impeachment sofrido pelo presidente paraguaio Fernando Lugo, o
Brasil e outros países da América Latina não estão "metendo o nariz
onde não foram chamados". Sendo o Paraguai um membro do Mercosul e da
Unasul, o país tem o dever de respeitar todos acordos estabelecidos
dentro desses dois blocos, e qualquer quebra de compromisso passa, sim,
a ser um problema dos demais integrantes.
Acontece
que nas condições em que o processo de impeachment ocorreu, e até mesmo
pelos motivos alegados, o Paraguai promoveu um autêntico golpe de
Estado. Não se pode destituir um presidente do poder em apenas 48 horas, num julgamento sem nenhuma oportunidade de defesa, motivado unicamente por divergências ideológicas. Antes de tudo, Lugo foi eleito democraticamente pelo povo, e tinha pela frente mais nove meses de mandato.
Em 24 de julho de 1998, os países do Mercosul assinaram o documento conhecido como Protocolo de Ushuaia, onde se comprometeram a zelar pela democracia. A partir do momento em que o Congresso paraguaio invalida um governo escolhido pelo povo, ele mostra que não tem nenhum respeito pelo acordo firmado naquela ocasião, e muito menos por aqueles que possam ser feitos atualmente.
Ora, se um país não respeita nem a própria democracia, quem dá garantias de que irá manter os pactos estabelecidos com seus aliados?
Enquanto não tiver um governo legal, eleito democraticamente, nada mais justo que o Paraguai seja banido do Mercosul e da Unasul. Aceitar um mandato criado de forma autoritária seria o mesmo que legitimar as ditaduras que no passado assolaram a maior parte dos países sul-americanos.
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