A polêmica matéria em que um acusado de roubo e estupro aparece sendo ridicularizado pela jornalista Mirella Cunha, da Band Bahia, é um típico exemplo de quando a liberdade se transforma em "libertinagem de imprensa". Além de ter sido ilegal, do ponto de vista jurídico, o episódio vai totalmente de encontro aos princípios éticos do jornalismo.
Não se trata aqui de passar a mão na cabeça do criminoso ou querer posar de moralista, o que acontece é que estamos sim diante de um grave desrespeito a dignidade humana. O fato de estarmos segurando uma câmera ou microfone de um importante veículo de comunicação não nos dá o direito de expor alguém ao vexame.
Nos últimos anos, este modelo de jornalismo sensacionalista que explora a imagem de "ladrões de galinha" caiu no gosto de muitas emissoras do interior, principalmente no Nordeste do país. Basta uma rápida busca no You Tube para encontrar diversas entrevistas semelhantes e até piores. Informação séria que é bom, nada !
Sem acesso a defesa de um advogado e desconhecendo seus direitos, o indivíduo é transformado em chacota para satisfazer os índices de audiência das emissoras. Tudo isso acontece com o consentimento das autoridades policiais. Alguém já viu o Carlinhos Cachoeira ou o Thor Batista enfrentando constrangimento parecido na delegacia ?
Depois que o Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA) resolveu representar contra Mirella Cunha na Procuradoria Geral de Direitos do Cidadão, a Band deu indícios de que pretende demitir a repórter. Mas é preciso lembrar que o canal é tão responsável quanto a funcionária, e eu diria que até bem mais. Não é de hoje que o showrnalismo do Brasil Urgente (BA) segue essa linha debochada, ela apenas dançou conforme a música.
É por causa de "profissionais" assim que muitos tomam antipatia da imprensa, ou então acham que não é preciso ter diploma para exercer a profissão de jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário