O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão, talvez seja por isso que até hoje possui uma parcela de indivíduos com o complexo de senhor de engenho.
É o caso do médico psicanalista Everton Otacílio Campos Menezes, 62, que no último domingo de abril ofendeu com declarações racistas a funcionária de um cinema do shopping Liberty Mall, em Brasília.
Tudo começou quando Everton Otácilio,
que também é professor universitário, tentou furar a fila de ingressos e
foi impedido pela atendente Marina Serafin dos Reis (25) . Irritado, ele disse que a jovem era
muito grossa e por isso tinha aquela cor (negra). Não satisfeito com os primeiros insultos o médico foi além, dizendo que a jovem "não deveria estar lidando com gente, tinha que estar na África, cuidando de orangotangos".
Outros clientes que estavam na fila assistiram a discriminação e reprovaram a atitude de Everton. Ciente de que havia cometido um crime o psicanalista abandonou o shopping correndo, mas foi identificado pela polícia e vai responder por injúria racial.
Esta não é a primeira vez que seu nome aparece relacionado a este tipo de ocorrência, em outra ocasião, durante as eleições de 2002, ele ofendeu uma advogada negra que trabalhava como mesária: "Você está atrapalhando a fila porque isto daqui é uma republiqueta de
bananas da qual você é a maior representante, sua negrinha", teria dito Menezes.
Desde o episódio com a atendente do cinema, outras pessoas procuraram a polícia dizendo que também já foram vítimas da discriminação do médico. Essas reincidências com certeza foram estimuladas pela impunidade.
A Justiça brasileira trata o racismo e injúria racial como coisas distintas, o que acaba favorecendo os indivíduos preconceituosos, principalmente aqueles que tem dinheiro. Costumeiramente, quem pratica um crime de discriminação no Brasil ofendendo uma pessoa por causa de sua cor, é processado com base no artigo 140 do Código Penal (injúria), e não pela Lei 7.716/1989 (racismo). Só responde por racismo em nosso país aquela pessoa que comete segregação racial, por exemplo: Impedir que alguém entre em um estabelecimento porque é negro, índio, branco, japonês, etc.
O crime de racismo é inafiançável, punível com prisão de até cinco anos e multa. Já a injúria racial prevê uma pena bem mais agradável para os racistas, permite fiança e pode gerar condenação de 1 a 3 anos e multa.
Se a educação por sí só resolvesse o problema de discriminação, um doutor em psicanálise nunca teria atitudes como a de Everton Otacílio. Principalmente pelo fato de sua profissão ser responsável por ajudar o indivíduo a encontrar o equilíbrio psicológico. E é para estes casos onde a educação não surte efeito sozinha que a lei deveria ser aplicada sem dó.
Os crimes de injúria e racismo até podem se diferenciar na forma como ocontecem, mas os prejuízos que trazem para a vítima são iguais. Se as ofensas também fossem consideradas racismo, os metidinhos a senhores de engenho pensariam duas vezes antes de sair falando besteiras por aí.
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Um comentário:
Muito boa matéria, parabéns!! Pena que em nosso país muitas coisas não são levadas a sério e aí pessoas como esse "Dr.", se é que podemos chamá-lo assim, fazem o que bem entendem, com a certeza da impunidade. Tb acho que o crime de injúria racial deveria ser punido com o mesmo rigor que o racismo!
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